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Aumento da Selic e a relação com o crédito consignado

Na primeira reunião do ano de 2022, ocorrida nos dias 1 e 2 de fevereiro, o Copom (Comitê de Política Monetária), órgão do Banco Central, aumentou a taxa básica de juros em 1,5 ponto percentual, passando a Selic de 9,25 para 10,75% ao ano.

Na justificativa para o 8º aumento consecutivo, o Copom afirmou que no cenário externo “o ambiente segue menos favorável“; que a inflação continuou surpreendendo negativamente; mas que em relação à atividade econômica brasileira, “indicadores relativos ao quarto trimestre tiveram evolução ligeiramente melhor que a esperada, em particular os relativos ao mercado de trabalho“.

Desde o início de 2021 o mercado financeiro e os brasileiros em geral estão acompanhando o aumento da Selic promovido pelo BC. Para os beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), servidores públicos e trabalhadores celetistas, fica a dúvida: a taxa de Selic influencia o empréstimo consignado? E, em caso positivo, em que medida?

Entender o impacto do aumento da Selic sobre outros indicadores econômicos e financeiros é essencial para os consumidores, especialmente aqueles que podem vir a querer ou precisar nos próximos meses de crédito pessoal, seja empréstimos, financiamentos ou outras linhas.

Acompanhe abaixo as principais informações que dizem respeito ao aumento da Selic e o seu impacto para o mercado de crédito, incluindo o empréstimo consignado.

O que é a taxa Selic?

O primeiro passo para compreender as particularidades da taxa básica de juros é entender o significado dos juros. Em resumo, o juro nada mais é que o custo do dinheiro.

No Brasil, a taxa básica de juros é chamada de Sistema Especial de Liquidação e Custódia ou simplesmente Selic. A Selic diz respeito à taxa de juros apurada nas operações de empréstimos de um dia entre as instituições financeiras que utilizam os títulos públicos federais como garantia.

A taxa básica de juros tem diversas finalidades, em especial, controlar a inflação e determinar o rumo do mercado de crédito. O índice é utilizado para controlar os juros aplicados em operações financeiras como investimentos, empréstimos e financiamentos.

Ou seja, os bancos utilizam a taxa básica como parâmetro para cobrar pelos serviços financeiros prestados.

O aumento da Selic é bom ou ruim?

O aumento da taxa Selic pode ser bom ou ruim, dependendo da situação que está sendo analisada. Em geral, a alteração desse indicador impacta na inflação, investimentos e taxas de empréstimos.

Inflação: A alta da Selic provoca a desaceleração da economia, o que controla a inflação e os preços dos produtos. De forma contrária, a queda da taxa estimula o consumo e pode aumentar a inflação.

Investimentos: Quando a Selic está alta, os títulos públicos que estão atrelados a ele, tais como: Tesouro direito, Poupança, CDBs, entre outros, passam a oferecer uma maior rentabilidade. Já quando a Selic cai, esses rendimentos oferecem uma remuneração menor.

Taxas de empréstimo: Os bancos se baseiam na taxa Selic para definir as taxas que serão cobradas nos empréstimos. Quando a Selic está alta as instituições acabam repassando esse aumento para os consumidores, o que faz com que os juros fiquem mais altos. Já quando a taxa cai os juros ficam mais baixos.

Aumento da Selic: qual o impacto geral para a economia?

Um dos principais objetivos que o Copom tem com a taxa básica de juros é controlar a inflação, que é o nome dado para o aumento de bens. Assim, utiliza-se a Selic para evitar que os preços de produtos e serviços subam demais.

Enquanto a inflação baixa, estável e previsível promove diversos benefícios para a sociedade, permitindo o crescimento da economia e o planejamento de gastos de consumo das famílias brasileiras, a inflação alta atua na contramão, freando o consumo e, por consequência, os investimentos no país.

Com o aumento da Selic, há uma natural diminuição das atividades econômicas. Com menor poder aquisitivo, cai a procura dos consumidores por produtos e serviços e, com isso, força-se a queda de preços com o objetivo de proporcionar uma estabilização.

Assim, para manter a inflação sobre controle, o Copom busca regular a Selic – no caso, como pretende-se reduzir a inflação, a alternativa é elevar a taxa básica de juros.

Histórico do aumento da Selic

Após o Copom ter elevado a taxa Selic para o patamar de 14,25% a.a. em julho de 2015, valor mais alto desde 2006 (quando a taxa alcançou 15,75%), a Selic passou a cair continuamente nos últimos anos.

Entre 2018 e 2019, ficou em valores próximos a 6%, mas a partir de 2020 a queda foi ainda mais acentuada: tanto que a Selic chegou ao menor valor: 2% ao ano, permanecendo assim em quatro rodadas de decisões do Copom. Mas, então, começou a guinada.
Ao elevar a Selic a 10,75% ao ano nesta primeira reunião de 2022, a decisão do Copom foi unânime. De acordo com o órgão, para a próxima reunião, em março de 2022, o Comitê antevê outro ajuste na taxa básica de juros na mesma magnitude.

Na nota oficial divulgada, o Comitê já adiantou que o cenário supõe que a Selic alcance 12% no 1º semestre de 2022, termina o ano em 11,75% e reduz-se para 8,00% a.a. em 2023.

Por que o Copom está optando pelo aumento da Selic?

Para decidir a favor do aumento da Selic, o órgão do Banco Central leva em consideração uma série de fatores, tais como a inflação, a atividade econômica do país, o estado das contas públicas e até mesmo o cenário externo.

De acordo com o Copom, apesar do desempenho mais positivo da economia brasileira, como os dados de mercado de trabalho, há maior probabilidade de trajetórias para inflação acima do projetado de acordo com o cenário básico. Por outro lado, há perspectiva de redução do ritmo de aumento da Selic.

O que acontece com o aumento da taxa Selic?
Como a taxa básica de juros está diretamente ligada às operações que têm os títulos públicos federais como garantia, a sua alteração modifica, por consequência, a rentabilidade dos títulos. Se a rentabilidade dos títulos muda, significa que o custo de captação dos bancos também muda.

Assim, se a taxa Selic diminui, diminui o custo de captação dos bancos, e por isso conseguem emprestar dinheiro a juros menores. Mas o inverso também é válido: o aumento da Selic encarece o custo de captação e por isso os bancos repassam esta diferença para o mercado, emprestando dinheiro a juros maiores.

Como o aumento da taxa Selic influencia o consignado?

O empréstimo consignado tem suas parcelas mensais descontadas diretamente do pagamento do tomador – no caso de aposentados ou pensionistas do INSS, o valor é descontado do benefício; já no caso de servidores públicos ou trabalhadores celetistas, o desconto é direto na folha de pagamento.

É em razão dessa característica, que torna o consignado um empréstimo com risco quase nulo para os bancos, diante da adimplência dos contratos, que as taxas de juros do consignado são uma das menores do mercado.

Mas, diante da dinâmica da taxa Selic com as demais taxas do mercado, fica fácil compreender o motivo pelo qual elevar a taxa básica de juros faz os juros de diferentes operações no mercado financeiro subirem também.

Dessa forma, os juros cobrados em financiamentos, empréstimos e cartões de crédito, por exemplo, ficam mais altos. Não seria diferente, assim, com os juros do empréstimo consignado.

Vale ressaltar, no entanto, que o efeito da alta da Selic sobre as demais taxas não é imediato, tampouco idêntico.

O mercado leva ainda um tempo para “se ajustar” à nova realidade, e não necessariamente as instituições financeiras irão aumentar os juros dos empréstimos no mesmo percentual definido pelo Copom para a Selic.

Entretanto, por esta ter sido a maior alta da Selic no ano, a expectativa é de que o mercado repasse esta elevação da taxa básica de juros para as operações financeiras com maior rapidez.