Em abril, os saques das cadernetas de poupança superaram os depósitos em R$ 6,2 bilhões. Desde janeiro, essa retirada líquida é um recorde para os primeiros quatro meses do ano: R$ 5,2 bilhões.
O aumento nos saques da poupança tem influência direta nos juros do mercado imobiliário e atrapalha quem quer comprar um imóvel financiado.
Os planos não estavam cabendo no bolso e a Amanda precisou recalcular a rota: depois de três anos de procura e juros altos para o financiamento, o apartamento que ela conseguiu comprar fica bem mais longe do trabalho.
“Vou ter que pedir transferência e aí mudar toda a estrutura. De bairro, deslocamento, tudo”, conta a funcionária pública Amanda Cordeiro.
Alguns clientes do gerente comercial Felipe Lemos decidiram adiar os planos de comprar um imóvel.
“No início de abril, a gente teve um aumento na taxa de juros e isso ocasionou um pouco da queda nas vendas, porque ficou um pouco mais caro comprar um imóvel”, diz Felipe Lemos.
Esse cenário de aumento da taxa de juros tem tudo a ver com poupança, de onde os bancos tiram a maior parte do dinheiro para o financiamento de imóveis. Para financiar o mercado imobiliário com menos dinheiro no caixa da poupança, os bancos vão em busca de outras fontes de investimento. O problema é que elas são mais caras e o resultado são taxas de juros mais altas para quem quer comprar um imóvel.
“Pelo lado da oferta, o que a gente tem observado é que está acontecendo um ritmo muito grande de saques em poupança. Esse ritmo está associado a duas coisas: de um lado, taxa de juros elevadas, que tornam mais atrativo você ter aplicações financeiras mais próximas da taxa Selic do que a poupança, essa poupança que é a mais líquida que você tem para pagar um pedaço de suas dívidas”, explica o pesquisador associado da FGV/Ibre, Livio Ribeiro.
Fonte: G1.