Blog Studio Bank

Conteúdos relevantes que conectam você com o mercado financeiro!

Bancos colocam inteligência artificial no centro da decisão dos negócios

A inteligência artificial e a segurança da informação nunca estiveram tão em evidência e com tanto espaço para discussão dentro das instituições financeiras, que estão na vanguarda das novas tecnologias há mais de três décadas. A transformação tecnológica dos processos bancários colocou esses dois elementos como essenciais na criação de novas soluções e experiências para facilitar a vida dos usuários.

Na visão de especialistas e profissionais da área, os sistemas de inteligência artificial sustentarão novos produtos e processos, assim como também trarão a segurança que os usuários precisam no ambiente digital. “Vivemos um momento de consolidação e evolução. A tecnologia será capaz de fazer mais coisas, ser mais transacional e tomar ações de forma autônoma, conforme a preferência do usuário”, destaca Rafael Cavalcanti, superintendente-executivo da área de inteligência de dados do Bradesco. “A régua subiu e vai continuar subindo por parte dos clientes”, completa.

Para atingir a aceleração esperada, as instituições financeiras precisam expandir as formas de analisar e processar os dados dos clientes para gerar mais oportunidades para os negócios e, assim, se manterem relevantes, avalia Frederico Pompeu, sócio do BTG Pactual e head do boostLAB, laboratório de inovação do banco. “Usando IA, rapidamente podemos mapear a base dos dados que os clientes fornecem, e podemos ser muito mais assertivos na oferta de serviços e produtos”, explica.

O momento é de oportunidade para os bancos. Para Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil, as instituições estão cada vez mais investindo em IA e machine learning para aumentar sua capacidade de análise e interação com os clientes. “Os bancos vêm há tempos se mexendo para transformar seus modelos a fim de entregar mais personalização e gerar mais engajamento junto aos usuários. Quem não está fazendo isso pode ficar para trás”, alerta.

Análise de dados

Uma das inovações tecnológicas mais importantes e comentadas pelo setor financeiro no último ano é o open finance, que prevê o compartilhamento de informações dos clientes por diferentes instituições do segmento, com o objetivo de gerar mais oportunidades tanto para os bancos quanto para os clientes. Só no mercado de crédito, um estudo da Serasa Experian estima que esta mudança injetará R$ 760 bilhões no mercado brasileiro em até 10 anos.

Na visão de Tânia Cosentino, da Microsoft, o open finance simplesmente não existe sem inteligência artificial e a sua capacidade de analisar gigantescos volumes de dados em tempo real. “Estamos falando inclusive de sistemas capazes de analisar e fornecer respostas em tempo real para as instituições”. Para ilustrar, a executiva deu o exemplo das análises de crédito, que em muitos casos já são processadas em tempo real.

Para Frederico Pompeu, do BTG, as startups que estiveram mais preparadas em termos tecnológicos poderão inclusive competir melhor com os grandes bancos com a chegada do open finance. “As grandes instituições ainda têm uma vantagem, que são suas bases maiores de dados a serem analisados. Por isso, acredito que o open banking pode ser game changer para fintechs, que terão acesso aos mesmos dados que só os grandes bancos têm hoje”, ressalta.

Segurança, privacidade e foco no cliente

Quando se fala de segurança no setor financeiro junto às instituições financeiras, o assunto se divide em duas questões que se relacionam: a crescente preocupação com ataques cibernéticos e fraudes digitais, e a necessidade de cuidar da privacidade dos dados dos usuários, em linha com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Quanto ao primeiro quesito, trata-se de um dos desafios mais prementes dos bancos. Segundo dados da pesquisa de opinião Radar FEBRABAN, a percepção dos golpes contra clientes de bancos tem aumentado gradativamente entre os entrevistados. Eram 21% em setembro de 2021, 22% em dezembro e chegou a 31% em junho deste ano.

Para Samara Castro, vice-presidente na Comissão de Proteção de Dados e Privacidade da OAB-RJ, os bancos e fintechs têm se esforçado na busca de modelos seguros de autenticação. “Já tivemos muitos avanços, como os na área de biometria e reconhecimento facial. A dificuldade, porém, está em equilibrar camadas de segurança, desde criptografia até multibiometria, com a facilidade de uso que o consumidor quer”, aponta.

Para Moisés Nascimento, do Itaú, colocar o cliente no centro da política de dados é um passo essencial para estruturar a segurança. É o chamado “privacy by design”, prática que incorpora a proteção dos dados pessoais em todos os projetos da organização, desde o início. “Segurança não é um assunto que se deve falar depois. O foco é colocar governança, segurança e privacidade no centro das ações”, afirma o CDO.

A segurança da informação tornou-se parte essencial de empresas e governos com a vigência de leis como a GDPR na Europa, e a LGPD no Brasil. “É importante para garantir que o dado capturado sempre tenha uma finalidade, e que se tenha transparência, para que o usuário possa ver e decidir o que está sendo feito com as informações”, explica Samara Castro.

Outro ponto levantado pela advogada é o da responsabilidade do usuário, algo que também se torna um dever das instituições. Segundo ela, à medida que as experiências de uso se tornam menos complicadas, o trabalho de garantir a segurança por trás disso aumenta, e exige também a maior conscientização do cliente.

“Os bancos têm um caminho a percorrer na educação dos consumidores. A segurança da informação é uma rotina que é preciso incorporar na vida, ou estaremos sempre numa relação de fricção entre público e instituições. Maior conhecimento contribui para um ambiente mais saudável e sem tantos golpes”, pontua.

Fonte: Valor.