Apesar do dado ruim de março e do tom cauteloso dos executivos nos balanços do primeiro trimestre, os bancos elevaram levemente a projeção de crescimento do estoque de crédito neste ano, de 7,9% para 8,1%. Os dados são da Pesquisa Febraban de Economia Bancária e Expectativas, realizada a cada 45 dias, logo após a divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
A revisão para este ano foi puxada pela alta na expectativa do desempenho do crédito direcionado que passou de 8,4% para 8,8%. A expectativa para o crédito livre subiu um pouco menos de 6,8% para 7,1%.
Dentro do crédito direcionado, para pessoa física, houve expansão de 8,9% para 9,6%, enquanto para pessoa jurídica houve queda de 6,9% para 6,8%.
Já no crédito livre, em PF houve alta de 8,3% para 8,5%; e em PJ houve forte queda de 5,1% para 3,9%. Segundo a Febraban, isso reflete o aumento do risco no segmento (caso Americanas e aumento da quantidade de pedidos de recuperação judicial), além de um possível menor apetite das empresas por crédito, especialmente para investimento, dado o cenário econômico ainda adverso.
“No geral, a pesquisa captou uma divergência entre a expectativa para o crédito destinado às famílias e às empresas. No caso do primeiro, a sensação é que o pico da inadimplência pode estar próximo, fato que pode levar a uma desaceleração menos intensa da carteira ao longo do ano”, afirma Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.
“Além disso, os estímulos implementados pelo governo e a maior resiliência do consumo das famílias também são vetores positivos importantes para evitar um maior arrefecimento da carteira”.
O diretor ressalta que “por outro lado, o segmento continua desafiador, diante dos vários pedidos de recuperação judicial por grandes empresas, além do cenário econômico ainda incerto, fato que tende a conter tanto a oferta como a demanda, ajudando a explicar a piora das projeções no segmento”.
Ainda de acordo com a pesquisa, houve leve piora na perspectiva para a inadimplência da carteira livre em 2023, que subiu de 4,7% na pesquisa de março para 4,8% na pesquisa atual. Assim, o mercado continua esperando certa deterioração do indicador até o final do ano, uma vez que a inadimplência dessa carteira está em 4,6%, segundo os últimos dados do Banco Central.
Fonte: Valor Econômico – Álvaro Campos.