O presidente do Banco Central, BC, Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira (26) que, diante das incertezas relacionadas à recomposição dos tributos que foram cortados temporariamente este ano, o Comitê de Política Monetária achou previsível estender o horizonte relevante para a política monetária do que perseguir uma meta de inflação ajustada.
“A reação do Banco Central é se adaptar a essa medida”, disse Campos Neto.
“O que a gente conseguiu fazer foi estender um pouco a janela, o horizonte relevante, não a meta de inflação.”
Em sua mais recente reunião de política monetária, o BC disse que decidiu dar ênfase à inflação acumulada em 12 meses no primeiro trimestre de 2024, com o argumento de que ele suaviza os efeitos diretos das mudanças tributárias. Sua projeção é de uma inflação 3,5% para esse período.
“Metas ajustadas”
O presidente do BC afirmou que a autoridade monetária preferiu estender a janela de atuação no lugar de fazer “metas ajustadas”, ao dar ênfase à inflação acumulada até o primeiro trimestre de 2024 em vez do ano-calendário fechado na última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom).
“A gente estendeu um pouco a janela [de atuação para o primeiro trimestre de 2024]. Entendemos que isso era melhor que fazer meta ajustada, porque tínhamos certeza sobre quando ia voltar [o efeito das medidas de corte de impostos na inflação]”, disse.
Sobre a recente melhora nas expectativas de inflação, ele afirmou que “parte do crescimento, que eu pessoalmente acho que é pequena, foi estimulada por medidas do governo. E existe a percepção de que essas medidas serão retiradas”.
Sobre esses cortes de impostos promovidos recentemente pelo governo, ele afirmou que “a reação do BC é se adaptar a essa medida”. “Se você tira parte da inflação do ano que não está no horizonte e adiciona no ano que está no horizonte, a reação do BC é se adaptar a essa medida, a gente ajusta a atuação”, completou.
Campos ressaltou ainda que parte do aperto monetário só será refletido na economia no próximo ano. “Quando você aumenta os juros, tem uma janela de atuação entre 12 e 18 meses”, ponderou. Além disso, ele ressaltou que a desaceleração do crescimento global deve influenciar os países emergentes.
Em relação à política monetária global, ele destacou que “acha que o mundo desenvolvido ainda tem uma tarefa de subida de juros pela frente”.
Sobre o Pix, o presidente do BC disse estar “em processo de internacionalização”. “Conversamos com outros bancos centrais e eles acham que o modelo é bom”, contou. Ele destacou que o sistema de pagamento instantâneo brasileiro custou R$ 5 milhões. “É um custo baixo para o tamanho da inovação”, disse.
Além disso, Campos afirmou que a autoridade monetária deve anunciar medidas para o mercado de carbono em breve.
Fonte: Reuters.