O dólar confirmou a tendência vista desde a manhã contra o real e encerrou o pregão em alta firme de 1,59%, negociado a R$ 5,1128. O movimento refletiu o clima de aversão a risco que dominou os mercados globais, com destaque para as quedas expressivas nos preços de commodities, além das declarações duras de dirigentes do Federal Reserve (Fed, banco central americano) sobre a inflação. Localmente, investidores negociaram de olho na disputa da Ptax de fim de mês, que acontece amanhã, e no cenário eleitoral.
Em meio à expectativa, operadores informaram que movimentos do comércio exterior acabaram por exercer maior influência sobre as cotações, o que justificaria a instabilidade vista desde o período da manhã. No fechamento do dia, o dólar à vista ficou em R$ 5,1121, com ganho de 0,02%. No mercado futuro, a divisa para liquidação em setembro recuava 0,11% às 17h19, aos R$ 5,1185. Já o Dollar Index (DXY), que mede a variação do dólar ante uma cesta de seis moedas fortes, apresentava baixa de 0,25%.
Segundo Elson Gusmão, analista de câmbio da Ourominas, compras realizadas por importadores contribuíram para a maior pressão no período da tarde, mas ocorreram de maneira pontual. “O que predominou foi mesmo a expectativa em torno do simpósio de Jackson Hole, uma vez que amanhã a fala de Jerome Powell deverá mexer com os mercados”, afirma.
Para Ideaki Iha, operador de câmbio da Fair Corretora, o clima de cautela não se restringe apenas ao discurso de Powell, mas também por conta de diversos drivers potenciais que estão presentes no cenário. “Provavelmente o discurso do presidente do Fed não vai trazer as respostas que o mercado espera. Ainda há muitos dados econômicos a serem divulgados até a reunião de política monetária em setembro”, disse o profissional.