Embora a educação para o empreendedorismo feminino tenha avançado na pandemia, com ajuda de programas e iniciativas de empresas e organizações, as ações precisam vir acompanhadas de um acesso maior ao crédito. A avaliação é de Adriana Barbosa, idealizadora do Festival FeiraPreta, e Bianca Fraga, professora da NOS Escola, ao participarem da Live do Valor “A importância do empreendedorismo feminino na crise” dessa segunda-feira (21).
“Tem muita coisa no campo da educação empreendedora, tem muitos programas. O que acho que está faltando é a educação empreendedora vir com o crédito, só a educação não resolve. Eu aprendi tudo, fazer planilha, como precifico. Mas cadê o dindim? Cadê o ‘faz-me rir’ para poder investir no negócio?”, questionou Adriana Barbosa, ao citar as dificuldades para que as empreendedoras consigam empréstimos para viabilizarem seus negócios.
Em sua avaliação, organizações dispostas a incentivar o empreendedorismo feminino devem buscar aliar as duas frentes de trabalho. “Minha recomendação para as empresas, as
fundações e os institutos é que a educação venha atrelada com crédito. Sem crédito, não há educação. Quando entende como funciona, mas não tem acesso à crédito, é muito frustrante”.
Quanto ao engajamento das empresas às políticas ligadas à equidade racial, ela ressaltou que houve grande avanço desde que começou a realizar a feira, há 20 anos. Mas o emprego dos recursos segue associado à política de responsabilidade social empresarial e por isso, são mais limitados. “As empresas têm olhado mais para a questão da equidade racial, mas ainda está muito dentro das políticas de responsabilidade social, e não do business. Aí é mais limitado. O tema está na pauta, mas é preciso avançar para que não seja um recurso limitado” argumenta Adriana, também responsável pelo PretaHub, que mapeia, capacita e acelera negócios criados por empreendedores negros.
A burocracia e a restrição para quem tem algum tipo de dívida são aspectos que poderiam ser aprimorados para ampliar o acesso a crédito a pequenas empreendedoras, segundo Bianca. Ao longo da pandemia, lembrou ela, houve algumas linhas de empréstimos, mas que acabaram esbarrando em exigências.