Blog Studio Bank

Conteúdos relevantes que conectam você com o mercado financeiro!

Fim do ciclo de alta da Selic? Como ficam os investimentos?

O Banco Central resolveu manter a Selic em 13,75% ao ano após 12 altas consecutivas. Mas isso é suficiente para rebalancear a carteira de investimentos? Antes que o leitor se anime a voltar a colocar mais o pé na renda variável, é necessário entender o contexto da decisão.

O crescimento maior do que o esperado do PIB e a queda recente da inflação nacional foram os principais motivos para o comitê do Banco Central manter a taxa básica de juros no nível atual. Mas ao justificar sua decisão o Copom aponta que a inflação continua pressionando o cenário em outros países e, portanto, pode atingir também o Brasil. Além disso, a queda recente dos preços no país se concentrou em itens mais voláteis, além de ter sido especialmente incentivada por cortes de impostos sobre o combustível.

Portanto, especialistas de investimentos não estão confiantes de que o ciclo de alta da Selic se encerrou. A expectativa é de que, se a taxa não subir, fique no nível de dois dígitos ao menos até 2024. Segundo economistas ouvidos pelo Boletim Focus, que reúne as principais previsões do mercado, a Selic deve encerrar o ano que vem a 11,25% ao ano.

Veja o que fazer com a porção da carteira em renda fixa e renda variável:

Onde investir na renda fixa

Com a incerteza sobre a alta da Selic, e a expectativa de que demore um bom tempo para começar a cair, a renda fixa vai continuar a ser atrativa. Isso vale especialmente para títulos que paguem um porcentual do CDI, índice que segue de perto a taxa Selic. São CDBs, títulos Tesouro Selic e fundos de renda fixa.

“O Tesouro Selic é uma opção para o investidor que busca reserva de liquidez, além de ser o investimento com maior grau de segurança no país. Já CDBs que pagam 100% do CDI estão proporcionando rendimentos de mais de 1% ao mês”, diz Daniel Funabashi, sócio e assessor de investimentos na iHUB Investimentos.

Mesmo que a remuneração dessas aplicações diminua um pouco por conta de uma eventual queda da Selic a partir do ano que vem, o nível de rentabilidade adicionado à segurança que oferecem ainda será alto.

Para quem aceita um pouco mais de risco, outros títulos bancários, como LCIs e LCAs, além de debêntures, CRIs e CRAs, são outras opções na renda fixa. “Os títulos privados, que em muitos casos, contam com isenção de imposto de renda para o investidor pessoa física”, comenta Funabashi.

O que não vale é continuar na poupança. A caderneta registra o pior rendimento entre os investimentos de renda fixa. Isso porque seu rendimento parou de subir quando a taxa ultrapassou o nível de 8,5% ao ano. Atualmente a poupança paga 0,5% ao ano mais a taxa referencial, que está baixa.

Onde aplicar na renda variável

Se estamos ao menos diante de uma estabilização e provável pico da Selic, especialistas apontam que vale a pena olhar mais para aplicações de renda variável, respeitando o perfil de investimento e objetivo financeiro.

Um dos produtos citados por Lana Santos, especialista da Acqua Vero Investimentos, são os fundos imobiliários de tijolo. Ou seja, que investem em imóveis para aluguel, como lajes corporativas e shoppings. Com o fim dos efeitos da pandemia, e retorno das pessoas a centro de compras e aos escritórios, as cotas desses fundos ainda estão abaixo do valor patrimonial, e a classe de ativos deve se recuperar mais rápido em uma eventual queda da Selic.

Aplicar em ações também é uma opção para uma porção da carteira. De acordo com o especialista da iHUB, o Ibovespa tem uma alta correlação inversa com os ciclos de juros. Ou seja, é comum que durante um ciclo de alta de juros a bolsa caia e o inverso ocorra durante um ciclo de queda dos juros. Então, é esperado que a bolsa de valores recupere fôlego no início do ciclo de queda da Selic.

Enquanto esse cenário não se concretiza, existem muitos papéis com preços baixos agora, diz Santos. “O investidor deve sempre lembrar de um conselho clássico de finanças. que é comprar na baixa para vender na alta”.

Em relação a segmentos com potencial de alta, papéis de exportadoras de commodities tendem a se beneficiar de um cenário de alta dos juros nos Estados Unidos e consequente valorização do dólar ante o real. “Suzano e Minerva são papéis recomendados agora”, diz Santos, da Acqua Vero.

É bom lembrar que se o investidor tem objetivos de longo prazo o sobe e desce da Selic não deve ser motivo para girar a carteira. O mais importante é se ater a suas metas financeiras e ter uma carteira diversificada.

Fonte: Exame.