A tese vigente no Comitê de Política Monetária (Copom), de que uma nova alta de juros pode sepultar um pouco mais a inflação, é válida para todos os setores da economia: melhor apertar o custo do dinheiro, do que ter a renda corroída.
Para o agronegócio, especificamente, o remédio previsto, de mais 50 pontos-base para a taxa Selic, que iria a 13,75%, “não adianta [taxa] para ‘inglês ver’ e o produtor sofrer com inflação de custos”, diz o economista Antônio Da Luz.
“Juros mais altos sempre é algo indesejado, no entanto claramente está funcionando”, completa o economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), notando que a inflação de custo está desacelerando.
A questão que se coloca para o produtor é o volume de recursos do Plano Safra, que acaba de ter um suplemento dado pelo Congresso de R$ 1,2 bilhão para equalização dos juros, em três das modalidades de subsídios, agricultura familiar (Pronaf), comercialização e investimentos.
O montante sempre é menor do que as necessidades, logo os empresários rurais precisam se socorrer com recursos dos bancos a juros livres, sob impacto direto das altas determinadas pelos membros do Banco Central (Bacen).
Para a safra 22/23, foram destinados R$ 340,8 bilhões, valor que mesmo 36% superior ao programa do ciclo passado representa 30% das necessidades, como informou Nilson Leitão, da CNA/IPA ao Money Times.
E, tradicionalmente, o governo vem suspendo as linhas quando o gargalo afunila, mais demanda que o disponível. Isso ocorreu desde março, ainda com um resto do Plano Safra 22/22 para se remanejado, e acaba de ocorrer com as linhas oferecidas pelo BNDES do recém-liberado programa para a nova temporada.
Para Da Luz, que também é um dos economistas brasileiros ouvidos na pesquisa semanal Focus, do Bacen, a falta de opção da agricultura será compensada com uma inflação de custos mais baixa, sobretudo no próximo ano.
Fonte: Money Times.