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O que é deflação e qual impacto ela pode ter sobre a economia?

Deflação é a queda generalizada de preços de produtos e serviços de forma contínua e por um período razoavelmente longo. Embora seja comum ver gente chamando o recuo pontual de índices de inflação de deflação, a queda em um ou dois meses apenas não configura por si só um processo deflacionário e não permite dizer que a deflação é uma tendência.

Não há consenso entre os economistas sobre a duração. É necessário tempo suficiente para que o fenômeno seja considerado tendência.

Os recuos precisam também ser generalizados. Ou seja, devem afetar uma grande gama de produtos e serviços. Reduções em poucos segmentos não significam deflação, mesmo que influenciem negativamente os índices inflacionários.

“Todos os preços precisam cair de forma sistemática para configurar deflação”, explicou Emerson Marçal, coordenador do curso de Economia da FGV em São Paulo. “Índice abaixo de zero em um mês não é considerado deflação”, reforçou.

As quedas necessitam ainda ser contínuas. Os preços são reduzidos seguidamente na tentativa de despertar a demanda.

A deflação ocorre quando a oferta de produtos e serviços é maior do que a demanda. Há mais itens à venda do que as pessoas estão dispostas ou têm condições de comprar.

Pode acontecer também quando há redução do volume de dinheiro em circulação. Menos moeda na praça resulta em compras menores e, consequentemente, diminuição de preços.

É o oposto da inflação, que é o aumento generalizado de preços de produtos e serviços de forma contínua e por um tempo razoavelmente longo.

Já a redução do ritmo da inflação, ou seja, diminuição do índice de um mês para outro, mas ainda positivo, é “desinflação” – e não deflação.

A deflação é boa ou ruim para a economia?

Num primeiro momento, é fácil pensar que preços em baixa são algo positivo. E são, se as quedas forem pontuais. Afinal, quem não quer pagar menos? Se você tem a expectativa de que daqui a um mês um bem estará mais barato do que hoje, vale a pena esperar para comprar, dependendo de sua urgência.

No entanto, a queda generalizada de preços por tempo indeterminado é ruim. Isso significa que o poder de compra das pessoas está reduzido, e os comerciantes e prestadores de serviços cortam seus ganhos para tentar despertar a demanda.

Tal dinâmica pode criar um ciclo vicioso. Com a tendência de queda, as pessoas adiam suas intenções de consumo na esperança de conseguir preços ainda mais baixos no futuro. O adiamento alimenta a deflação, já que o comércio se vê obrigado a reduzir ainda mais os preços.

“É um processo que se realimenta pela mudança de expectativas”, observou André Braz, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Há um limite. Se um comerciante faz seu estoque hoje por determinado preço, e tem que vendê-lo amanhã por um valor menor, terá prejuízo.

Se o comerciante não consegue vender, então reduz ou suspende suas encomendas. Consequentemente, a indústria corta ou para a produção. Sem perspectivas de vendas, as empresas não investem. Esse cenário resulta em demissões e até quebra de negócios.

Deflação é sinal de baixo crescimento ou economia estagnada e, nesse sentido, contribui para um quadro de aumento do desemprego, queda do poder aquisitivo da população e depressão da atividade econômica em geral.

“A deflação em si não é boa ou ruim. É mais um reflexo de outras condições na economia. Costuma estar associada a recessões, pois, nesses períodos, a demanda é baixa e deprime os preços”, declarou Estêvão Kopschitz Xavier Bastos, coordenador de Conjuntura no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Mudanças nos preços podem ocorrer não apenas por um aumento (ou uma redução) na demanda, mas também na oferta e seus custos.

“Em 2022, o mundo vive uma inflação alta em grande parte causada por choques de oferta. Assim, se os preços de commodities, fretes e insumos vierem a cair e isso causar deflação, não seria por causa de pouca demanda, mas por causa de uma normalização das condições de oferta”, observou Bastos.

Bastos acrescenta que os bancos centrais, inclusive o do Brasil, sobem seus juros numa tentativa de reduzir a demanda, o que pode ajudar na queda dos preços. “Embora o objetivo seja reduzir a inflação e não causar deflação”, comentou o pesquisador do Ipea.

Fonte: InfoMoney.