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Poupança tem a maior retirada anual da história em 2022

A caderneta de poupança encerrou 2022 com resgate líquido — quando os saques superam os depósitos — de R$ 103,24 bilhões, maior volume da série histórica do Banco Central (BC), iniciada em 1995, segundo dados divulgados. Ao longo do ano, a modalidade só registrou número positivo em maio e dezembro. No último mês, normalmente há entrada líquida em virtude do recebimento do 13 salário.

O resultado do ano passado é, em grande medida, uma reversão da poupança acumulada durante o período mais crítico da pandemia de covid-19. Em 2020, no auge da crise sanitária, a caderneta teve ingresso líquido recorde de R$ 166,31 bilhões. Já em 2021, houve resgate líquido de R$ 35,50 bilhões.

Com o isolamento social e medidas de combate à pandemia, como o auxílio emergencial e saque extraordinário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), as pessoas conseguiram guardar dinheiro, mas, após a reabertura da economia, elas voltaram a consumir. Além disso, os benefícios sociais passaram a ser pagos em poupança digital da Caixa, o que também ajudou a fomentar a modalidade.

No mês passado, os brasileiros depositaram R$ 352,4 bilhões e sacaram R$ 346,2 bilhões na caderneta. No acumulado do ano, as retiradas somaram R$ 3,73 trilhões e os ingressos, R$ 3,63 trilhões.

O saldo, que é o total investido na poupança, ficou em R$ 998,94 bilhões. Em agosto de 2020, diante de desempenho significativamente positivo por vários meses seguidos em função da pandemia, a poupança superou a marca de R$ 1 trilhão e permaneceu no patamar até julho deste ano, quando voltou a cair.

Em novembro, houve captação negativa em R$ 7,419 bilhões. Em outubro, por sua vez, a modalidade teve retirada líquida de R$ 11,007 bilhões. Em agosto, a poupança havia registrado a maior retirada líquida da série, com R$ 22,015 bilhões.

O economista-chefe da consultoria Análise Econômica, André Galhardo, ressalta que, além de questões conjunturais, o rendimento das famílias não cresceu na mesma proporção que a geração de vagas. Ele também chamou atenção para o salário de admissão, que está em queda. Dessa forma, as pessoas precisam usar o dinheiro da poupança para honrar seus compromissos.

“É interessante notar que, mesmo com melhora do mercado de trabalho ao longo de 2022, a gente não viu melhora significativa no nível de rendimento. É verdade que o rendimento médio aumentou, mas os dados de salário mostram que, mesmo com uma criação robusta de postos de trabalho, temos um salário de admissão em queda. O nível de remuneração da recolocação da população é baixo”, destaca.

Além disso, Galhardo pontua que outros tipos de investimentos de renda fixa ficaram mais atraentes com o ciclo de elevação da Selic, a taxa básica de juros. “Essa reversão dessa poupança que chamamos de precaucional, de 2020, se dá por questões conjunturais, como a falta de renda para quitar obrigações recorrentes, o aumento da inflação [no ano passado] e o endividamento recorde. Além disso, os títulos do Tesouro, por exemplo, ficam mais atrativos com a Selic a 13,75% ao ano”, afirma.

O resultado de dezembro se somou ao rendimento de R$ 6,225 bilhões creditados no período. Além disso, no mês passado, os recursos da caderneta aplicados em crédito imobiliário (SBPE) registraram depósito líquido de R$ 5,668 bilhões. No caso do crédito rural (SBPR), houve entrada de R$ 590 milhões.

Fonte: Valor Econômico.