A Selic, taxa básica de juros da economia, teve mais uma redução. Como previsto pelo mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu por um corte de 0,50 ponto percentual.
A taxa passou de 12,75% para 12,25% ao ano, em nova decisão unânime entre os membros do Comitê.
Para Matheus Nascimento, analista da Levante, a redução da taxa Selic exerce um impacto significativo e benéfico no mercado de crédito, promovendo acessibilidade e facilitando a obtenção de empréstimos e financiamentos.
“A diminuição da Selic tende a resultar em condições de crédito mais vantajosas, uma vez que reduz os custos de captação de recursos para as instituições financeiras. Isso acontece devido ao fato de que tais instituições utilizam a taxa Selic como ponto de referência para calcular as taxas de juros oferecidas aos seus clientes”, diz.
John Liu, diretor-executivo de Investimentos da seguradora Zurich, avalia que a queda nas taxas de juros, por um lado, pode impulsionar o mercado de crédito, ampliando a demanda por seguro prestamista, que cresceu 4,1% no primeiro semestre deste ano, segundo levantamento da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi).
Com a redução da Selic, as taxas de juros associadas aos empréstimos podem diminuir, tornando o custo do seguro prestamista mais acessível aos tomadores de empréstimos. “Isso pode tornar o seguro prestamista mais atraente aos mutuários, proporcionando maior segurança financeira em caso de inadimplência”, avalia Fabricio Gonçalvez, CEO da Box Asset Management.
Leandro Benincá, da Controlle, por sua vez, avalia que a redução deve causar baixo impacto para o crédito porque o que importa é a curva de juros longa e essa não sofreu nenhum impacto.
“Em produtos de previdência, vale destacar que investimentos com maior risco, como fundos multimercado e fundos com parte de seus portfólios investidos em renda variável, podem receber uma migração de recursos, com os participantes mais propensos a diversificar seus portfólios”, diz Liu.
A Selic em queda incentiva os investidores a buscarem ativos de risco e, consequentemente, afeta a rentabilidade de ativos/fundos de previdência, alongando o prazo necessário para se alcançar o objetivo de retorno nessa classe de ativos, considera Jonas Carvalho, da Hike Capital.
Mais reduções
“O Comitê [Copom] enfatiza que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, explicou o comitê em ata.
O Copom optou por manter o mesmo tom da mensagem sobre o cenário fiscal utilizado na última reunião. “Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”.
Na avaliação da diretoria do BC, o ambiente externo mostra-se adverso, em função da elevação das taxas de juros de prazos mais longos nos Estados Unidos, da resiliência dos núcleos de inflação em níveis ainda elevados em diversos países e de novas tensões geopolíticas.
“Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário exige atenção e cautela por parte de países emergentes”, diz o comunicado.
Sobre o cenário doméstico, a avaliação é que o conjunto dos indicadores de atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres antecipado pelo Copom. “A inflação cheia ao consumidor manteve trajetória de desinflação, mas segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta de inflação, enquanto as medidas mais recentes de inflação subjacente ainda se situam acima da meta para a inflação.”
O BC informou que as projeções de inflação em seu cenário de referência situam-se em 4,7% para 2023; 3,6% em 2024; e 3,2% em 2025. As projeções para a inflação de preços administrados são de 9,3% em 2023; 5,0% em 2024; e 3,6% em 2025.
Fonte: InfoMoney.