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TR: saiba o que é a taxa referencial e como calcular

A taxa referencial foi criada na década de 90, durante o governo de Fernando Collor, com o objetivo de servir de referência para a economia brasileira e controlar a inflação.

Naquela época, viveu-se a hiperinflação, onde os valores ultrapassaram os 2.400%. Com a TR, o Estado divulgava diariamente o preço do dinheiro, que por sua vez, também tinha grandes variações.

Atualmente, a TR ainda é utilizada cada índice de reajuste, porém, seu foco está voltado para outras áreas, como para algumas aplicações financeiras.

Enquanto que o controle do IPCA é função da taxa Selic, que tomou maior proporção do que a TR, até mesmo, para os investimentos.

Antes de investir, é essencial conhecer como a taxa referencial é calculada. Desta forma, você entenderá melhor sobre o seu funcionamento e os seus resultados mensais/anuais.

Mas como saber qual o valor da TR hoje?

O cálculo da TR e a sua divulgação são feitos pelo Banco Central (BC). Tudo começa com a coleta diária dos dados das taxas de juros utilizadas nos CDBs ofertados pelas trinta maiores instituições bancárias do país.

A partir desta pesquisa, surge a TBF, que é a Taxa Básica Financeira. Ela representa a média destes juros. Por fim, é aplicada diretamente a equação:

TR = 100 x [ ((1 + TBF)/R) – 1]

O termo R que apareceu acima é o Redutor, que por sua vez é calculado através da seguinte fórmula:

R = (a + b) x TBF

A variável a é o valor fixo de 1,005, que foi definido no momento da criação da taxa referencial. O intuito é fazer com que a TR não tenha valores negativos.

Enquanto isso, o b é dependente do resultado da TBF e é divulgado mensalmente pelo Banco Central. Com todos estes dados em mãos, você calcula a TR.

Você não precisa dominar a fórmula da TR, mas perceba que por meio da equação geral da taxa referencial, o valor mínimo que ela pode chegar é zero. Este fator é positivo, pois o seu dinheiro não poderá ter rendimentos negativos, ou seja, perdas.

O Banco Central também disponibiliza a Calculadora do Cidadão. Com ela, você consulta qual o valor da taxa referencial hoje.

Esta ferramenta é utilizada para simular reajustes e rendimentos de aplicações que utilizam este indicador como referência, seja ele um investimento ou financiamento.

TR Diária x TR Mensal

Agora que você já sabe como a taxa referencial é calculada, chegou o momento de entender sobre as suas variações: diária e mensal.

A TR mensal é utilizada na correção monetária, ou seja, no rendimento do dinheiro, quando a aplicação permanece investida pelo período do mês cheio, que por sua vez, possui cerca de 23 dias.

Enquanto que, a taxa referencial diária, divulgada pelo BC é a fatia correspondente do seu valor mensal. No caso, a soma das TRs diárias resultam na TR mensal.

Assim, caso você solicite o resgate do investimento em um período antes de completar o mês cheio, o reajuste será feito com base nesta data.

Em quais ativos a Taxa Referencial é aplicada?

Foi-se o tempo em que a Taxa Referencial era usada como a principal base de cálculo para os investimentos no país, especialmente depois que a Selic ganhou espaço no mercado e passou a rentabilizar melhor. Ainda assim, a TR continua sendo o indexador para alguns tipos de contratos e investimentos no mercado – como é o caso da poupança.

Conheça as principais aplicações afetadas pela Taxa Referencial e saiba como é feito o cálculo de acordo com cada uma delas.

TR na Poupança

A principal aplicação atrelada à Taxa Referencial é a poupança, investimento que ainda é maioria nas carteiras de ativos dos brasileiros. Quando a taxa aumenta ou diminui, ela afeta diretamente o saldo da caderneta.

Atualmente, o cálculo de rendimento da poupança segue o nível dos juros básicos da economia brasileira. Portanto, quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a poupança paga 0,5% ao mês mais a variação da TR.

Já quando os juros estão abaixo de 8,5%, a remuneração da poupança equivale a 70% da Selic mais a variação da TR. Por isso, ela nem sempre é considerada a melhor aplicação para quem quer rentabilizar e acompanhar a inflação.

Vale lembrar que esse sistema de atualização de acordo com os juros foi implementado pelo Banco Central em 2012. Assim, poupanças que estiverem paradas antes desta data seguem o padrão fixo antigo, que rende 0,5% ao mês mais a variação da TR.

De qualquer forma, mesmo para retornos mensais de 0,5%, a poupança deixou de ser uma aplicação vantajosa para quem deseja mais do que simplesmente guardar dinheiro. A TR não tem tido grande impacto na poupança, uma vez que permanece zerada desde 2017 e foi substituída por outros índices de referência – como a Selic.

TR nos Financiamentos Imobiliários

A TR é utilizada como índice de referência para a correção dos saldos devedores de financiamentos imobiliários atrelados ao Sistema Financeiro de Habitação (SFH). Ou seja, aqueles geralmente associados a bancos estatais, como a Caixa Econômica Federal.

No entanto, desde 2018, seu uso deixou de ser obrigatório para a correção de contratos fora desse sistema, como no caso dos financiamentos do Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI) – que não têm limites de juros e seguem a política de crédito e autonomia de cada instituição financeira.

Como a indexação da TR costuma ser fixa e previsível, muitos brasileiros optam por realizar financiamentos nessas condições, com o intuito de pagar juros menores ao banco.

TR em Títulos Públicos

Como dito anteriormente, a Taxa Referencial foi um importante elo de correção monetária para o período inflacionário dos anos 1990. Dessa forma, ela também foi adotada como indexador de títulos públicos atrelados à União, chamados de NTN-H e NTN-P.

Esse modelo de título foi descontinuado do mercado, mas ainda há investidores que os têm sob custódia, especialmente aqueles que fizeram aplicações de longo prazo na modalidade.

TR no FGTS

Criado na década de 1960, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é um direito trabalhista que beneficia todos os trabalhadores de carteira assinada do regime CLT. O valor equivale a 8% do salário mensal bruto e deve ser depositado em uma conta específica pela empresa contratante.

Como esses valores costumam ficar depositados por muito tempo, o governo federal utiliza a TR como referência para corrigir o saldo. Enquanto permanecem depositados, os recursos do FGTS são remunerados e corrigidos de acordo com a Tabela Referencial mais 3% de rentabilidade ao ano.

Como a TR permaneceu zerada de 2018 até 2021, o governo passou a considerar o cálculo de rentabilidade da seguinte forma: 3% ao ano + TR + 50% dos lucros do fundo apurados no ano anterior.

TR nos Títulos de Capitalização

Por fim, outra aplicação que sofre influência direta da Taxa Referencial são os títulos de capitalização. Esses ativos não são necessariamente considerados investimentos, mas ainda assim são oferecidos pelas instituições financeiras como alternativa à poupança e incluem sorteios de prêmios.

Ao contrário da poupança, que oferece correção monetária, os títulos de capitalização seguem apenas a correção da TR. Por isso, é de suma importância conhecer a taxa antes de fechar negócio, uma vez que nem sempre essa é a opção mais rentável para manter o dinheiro atualizado de acordo com a flutuação dos juros da economia brasileira.

Outro ponto negativo dos títulos de capitalização é que os bancos costumam “penalizar” o investidor que resgatar o título antes do vencimento, com multas e desvalorização ainda maior do ativo.

Assim, especialistas apontam outras opções de investimentos como alternativa à capitalização como forma de proteger o patrimônio e ainda atualizar o saldo com base nos juros da economia.